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A febre amarela é uma doença infecciosa transmitida por um arbovírus (vírus transmitidos pelas picadas de insetos), típica de regiões tropicais e com tendências a surtos quando o clima esquenta, pois favorece a reprodução do mosquito transmissor.
Alguns estudos históricos mostram que a febre amarela atinge especialmente primatas e provavelmente surgiu na África, sendo trazida ao Brasil pelos navios negreiros, numa época em que não se tinha saneamento básico. A doença é tão altamente transmissível que segue gerando surtos até os dias de hoje.
Transmissão
Existem dois tipos de febre amarela: a silvestre e a urbana. A silvestre acomete os macacos. Eles funcionam como hospedeiros do vírus, que é transmitido pela picada dos mosquitos a outros macacos ou a seres humanos. Neste caso, o mosquito transmissor mais comum é da espécie Haemagogus.
Por isso, a morte de primatas nas imediações das cidades rurais representa um dos sinais de que o vírus da doença está circulando em determinada região. Entretanto, este tipo de febre amarela não ocorre em nosso país desde 1940.
A forma urbana da febre amarela é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue, a chikungunya e a zika. Ela ocorre quando o mosquito pica uma pessoa doente (o homem é o único hospedeiro do vírus nas cidades) e depois ataca uma pessoa saudável que não foi vacinada.
Sintomas
Infelizmente, é comum que pessoas com febre amarela não apresentem sintomas ou apresentem apenas alguns poucos e fracos. Quando eles vêm, são repentinos, logo após a picada do inseto. Alguns dos sintomas que podem ocorrer são:
- Cansaço
- Mal estar
- Dor de cabeça
- Febre com calafrios
- Dores musculares fortes
- Vômito
- Diarréia
A boa notícia é que a maioria dos infectados se recupera bem e adquire imunização contra a doença. A forma mais grave da febre amarela é rara, mas costuma aparecer depois de dois ou três dias da melhora nos primeiros sintomas, que é o período de incubação do vírus.
Alguns sintomas neste estágio podem até levar à morte. São eles:
- Icterícia progressiva (pele amarelada)
- Hemorragias
- comprometimento dos rins e do fígado (hepatite e coma hepático)
- Comprometimento do pulmão
- problemas cardíacos (miocardite)
- encefalopatias (convulsões e delírios)
Com a cobertura vacinal correta, a febre amarela pode ser erradicada do meio urbano. Atualmente, existem duas vacinas disponíveis: a Bio-Manguinhos e a Sanofi Pasteur, esta última apenas em clínicas particulares de vacinação, e ambas com excelente proteção contra a doença. Ambas devem ser tomadas a partir dos 9 meses de idade, com a segunda dose ministrada aos 4 anos.
Como não há consenso sobre a duração da proteção dessa vacina, uma dose de reforço passou a ser exigida para quem tomou a vacina antes dos 5 anos de idade. Quem não tomou a vacina na infância está protegido com apenas uma dose na vida adulta, porém a Sociedade Brasileira de Imunizações indica uma segunda dose para quem viaja para áreas de risco.
A vacina contra a febre amarela é uma das imunizações obrigatórias para viajantes, uma vez que o Brasil é visto como um país de alto risco para a doença. É recomendado tomar uma dose no mínimo 10 dias antes da viagem, pois algumas regiões e países pedem a apresentação do Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP), emitido por entidades públicas ou particulares habilitadas para isso.
Prevenção ao mosquito
Como a transmissão do vírus no meio urbano se dá pelo mosquito Aedes aegypti, uma das principais formas de prevenção também é evitar a reprodução do inseto. Além do uso de repelente e mosquiteiros, algumas recomendações são:
- Não deixe água parada;
- Mantenha as lixeiras tampadas e protegidas da chuva. Feche bem o saco plástico;
- Os potes com água para animais devem ser muito bem lavados com água e sabão no mínimo duas vezes por semana;
- Mantenha os pratinhos e vasos de planta com areia;
- Evite ter bromélias e outras plantas que acumulam água, ou retire semanalmente a água das folhas;
- Mantenha garrafas vazias com a boca para baixo;
- Mantenha a piscina sempre limpa, mesmo sem uso. Use cloro para tratar a água e filtre periodicamente;
- Limpe e nivele as calhas. Mantenha-as sempre sem folhas e materiais que possam impedir a passagem da água;
- Mantenha caixas d’água, cisterna e poços fechados e vedados. Tampe com tela aqueles que não têm tampa própria;
- Pneus velhos devem ser mantidos em locais fechados e com furos para não acumular água.
Fontes: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Ministério da Saúde, Secretaria de Saúde do Paraná, Portal Dráuzio Varella e Família SBIm.