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Você sabia que existem mais de 200 subtipos do papiloma vírus humano? O HPV é considerado uma doença perigosa porque ataca a pele e mucosas, e cerca de 45 tipos podem infectar a área ano genital masculina e feminina. Destes, 12 são de alto risco e podem provocar cânceres em colo do útero, vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe e outros podem causar verrugas genitais.
Estima-se que cerca 50% das pessoas sexualmente ativas irão entrar em contato com o HPV, em algum momento da vida, e 80% das mulheres terão esse contato até os 50 anos de idade. A boa notícia é que a maioria dos indivíduos consegue eliminar o vírus naturalmente em cerca de 18 meses, sem que ocorra nenhuma manifestação clínica.
Mas, em outros casos, os sintomas podem demorar para aparecer e causar lesões quase imperceptíveis. Este é o maior desafio relacionado ao HPV: como a pessoa infectada não sabe que tem o vírus, a transmissão é alta e, por ser altamente contagioso, o papiloma vírus pode infectar uma pessoa com apenas uma exposição.
Transmissão
A principal forma de transmissão do HPV é o sexo, genital ou oral. Como a infecção atinge pele e mucosas, isso significa que, mesmo usando camisinha na penetração, o HPV pode ser transmitido também contato com verrugas e microlesões na virilha e outras áreas genitais que a camisinha não cobre. Quando elas estão presentes, o contágio ocorre em até 65% das situações.
Uma forma rara de transmitir o vírus é na hora do parto, da mãe infectada para o bebê, e outros 5% dos casos costumam ser transmitidos no contato com toalhas, roupas íntimas e sabonetes de terceiros ou em vestiários e banheiros.
Câncer
O HPV pode ser dividido em duas classificações: baixo e alto risco de desenvolver câncer. Existem 12 tipos identificados como de alto risco (HPV tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59). Eles têm probabilidade maior de persistir e estarem associados a lesões pré-cancerígenas.
Ainda assim, os tipos 16 e 18 são os mais preocupantes. Segundo o Ministério da Saúde, esses dois tipos estão associados a 70% dos casos de câncer de colo de útero, 90% dos cânceres no ânus, 60% dos cânceres de vagina e até 50% dos casos de câncer vulvar.
Os cânceres de boca e garganta são o 6º tipo no mundo, com 400 mil casos e 230 mil mortes ao ano. A incidência da doença está fortemente relacionada ao HPV e à prática de sexo oral. Esse aumento é cerca de três vezes maior em homens do que em mulheres.
Sintomas
Outros tipos de HPV parecem não oferecer risco de desenvolvimento cancerígeno, mas os tipos 6 e 11 estão altamente associados ao aparecimento de verrugas e microlesões no pênis, ânus, vagina, vulva, colo do útero, boca e garganta. Estima-se que aproximadamente 10% das pessoas (homens e mulheres) terão verrugas genitais ao longo de suas vidas.
Elas podem causar coceira e irritação nas áreas atingidas, mas podem levar meses ou anos para aparecer depois do contato com o HPV. As primeiras manifestações dos sintomas costumam acontecer entre 2 e 8 meses após a infecção, mas em alguns casos podem demorar até 20 anos!
Os casos em que o vírus permanece por mais tempo são raros, mas eles podem permitir o desenvolvimento de alterações das células, que podem evoluir para as doenças relacionadas ao vírus.
Diagnóstico
As verrugas genitais encontradas no ânus, no pênis, na vulva, ou em qualquer área da pele podem ser diagnosticadas pelos exames urológico (pênis), ginecológico (vulva) e dermatológico (pele). Mas, nem sempre o vírus apresenta sintomas. A maioria das mulheres descobre que tem HPV por intermédio de um resultado anormal do Papanicolau, e homens podem fazer exames laboratoriais ou de biologia molecular.
Prevenção e tratamento
Na maioria das vezes, o sistema imunológico consegue combater de maneira eficiente a maior parte dos tipos de HPV, alcançando a cura, com eliminação completa do vírus, principalmente entre as pessoas mais jovens.
Para as verrugas e microlesões, o tratamento pode envolver cremes e pomadas ou procedimentos como congelamento, cauterização, laser ou cirurgia. Ainda assim, 25% das verrugas tornam a reaparecer, mesmo com tratamento.
Mas é possível prevenir a transmissão e infecção pelo HPV. Hoje, existem vacinas para nove subtipos do vírus. São três vacinas:
- BIVALENTE: protege contra os tipos 16 e 18;
- QUADRIVALENTE: protege contra o HPV 16, 18, 6 e 11;
- NONAVALENTE: protege contra os tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58;
A vacina nonavalente ainda não está disponível no Brasil, mas a bivalente e quadrivalente são encontradas no SUS apenas para meninas de 9 a 14 anos , e para meninos de 11 a 14 anos (pois a prevenção apresenta resultados mais eficazes quando aplicada antes do início da vida sexual), ou adultos portadores de HIV, pacientes de câncer ou transplantados. Nessa idade, são indicadas duas doses, com intervalo de seis meses entre elas (0 – 6 meses). Para os pacientes imunodeficientes, as doses recomendadas são em número de 3 ( 0- 1 ou 2 – e 6 meses)
Em clínicas particulares, as mulheres podem tomar as vacinas bivalente e quadrivalente entre os 9 e os 45 anos, e os homens entre os 9 e 26 anos. A partir dos 15 anos, o indicado é tomar três doses: a segunda, um a dois meses após a primeira, e a terceira, seis meses após a primeira dose (0 – 1 a 2 – 6 meses).
Camisinha
Tomar a vacina contra o HPV não significa que a camisinha pode ser deixada de lado! Lembre-se que existem mais de 150 subtipos do vírus e as vacinas existentes protegem contra apenas 9 deles (e nem todas as vacinas estão disponíveis no Brasil!)
A transmissão pode ocorrer por verrugas e microlesões em áreas que a camisinha não cobre, mas mesmo assim o preservativo é responsável por barrar cerca de 70% a 80% da transmissão do HPV, segundo estimativas do Ministério da Saúde. A camisinha feminina, que cobre também a vulva, evita mais eficazmente o contágio se utilizada desde o início da relação sexual;
Todas as vacinas e doses citadas neste artigo são recomendadas pela Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) e estão disponíveis na Imunocamp, com unidades em Campinas e Piracicaba.
Fontes: Drauzio Varella, SBIm e “Guia Prático sobre HPV”, do Ministério da Saúde.