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A vacina tríplice bacteriana é uma vacina obrigatória que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Ela existe em diferentes tipos, destinados a faixas etárias diferentes, e pode ser combinada com outras vacinas para economizar picadas. Saiba mais sobre cada uma das doenças que ela protege e conheça melhor a vacina:
Tétano
O tétano é uma doença infecciosa causada pela toxina do bacilo tetânico (Clostridium tetani). Não é uma doença contagiosa, mas muito perigosa, pois os esporos da bactéria podem ser encontrados nas fezes de humanos e animais, em plantas, na terra e em qualquer objeto ou mesmo na poeira das ruas.
A transmissão do tétano acidental está normalmente associada a lesões com pregos ou objetos enferrujados, mas o contágio também ocorre através de ferimentos, arranhões, cortes, mordidas de animais ou qualquer lesão na pele que deixe abertura para a entrada da bactéria. Já o tétano neonatal, também conhecido como “mal de sete dias”, ocorre pela contaminação do coto umbilical através de instrumentos sujos ou mal esterilizados durante o parto.
A doença ataca o sistema nervoso central, causando rigidez muscular em todo o corpo. Quando atinge os músculos do pescoço e do sistema respiratório, há dificuldade para abrir a boca, engolir ou mesmo respirar, podendo levar o paciente a óbito.
Segundo o Boletim 25, do Ministério da Saúde, em 9 anos o tétano causou a morte de um terço dos contaminados, ou 973 óbitos de 2.939 casos. O mesmo relatório afirma que um paciente com tétano custa ao SUS uma média de R$ 5.022, um valor muito superior à vacina, que é o único meio de prevenção para a doença.
Difteria
A difteria é uma doença respiratória causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae, que causa o aparecimento de placas branco-acizentada e inflamação nas amígdalas, faringe, laringe, nariz e (ocasionalmente) outras partes do corpo, como pele e mucosas.
Febre, cansaço e palidez são sintomas comuns, mas casos mais graves podem apresentar edema no pescoço, aumento dos gânglios linfáticos e até asfixia mecânica. A transmissão, como na maior parte das doenças respiratórias, ocorre através de tosse, espirro e compartilhamento de objetos individuais, como talheres e copos. O meio mais eficaz de prevenção é a vacina.
No Brasil, os casos de difteria vêm diminuindo significativamente desde os anos 90 graças à vacinação, mas um surto da doença no Maranhão, em 2010, mostra que a doença pode retornar caso a cobertura vacinal diminua. Além disso, a Venezuela está vivenciando um surto da doença desde 2016 até hoje, o que gera um alerta para a difteria em nosso país dado o fluxo migratório de venezuelanos para o Brasil.
Coqueluche
A coqueluche também é uma doença respiratória causada por uma bactéria, a Bordetella pertussis. Ela atinge principalmente a traquéia e os brônquios e pode evoluir em três fases: a primeira traz sintomas leves como catarro, coriza, tosse seca, febre e mal estar, podendo ser confundida com uma gripe ou resfriado comum.
A segunda fase traz tosse seca contínua e na terceira, conhecida como fase aguda, ocorrem acessos de tosse seguidos de respiração forçada e prolongada, com uma ingestão aguda de ar que soa como um “grito”, além de vômitos que dificultam o ato de beber, comer e respirar. Bebês e crianças menores de 2 anos são mais comumente acometidas com a coqueluche, que ainda pode causar desidratação, pneumonia, convulsões, lesão cerebral e levar à morte.
A transmissão acontece através de partículas de saliva, ou seja, pela tosse, espirro ou compartilhamento de itens pessoais. A fase mais contagiosa da doença é a primeira, quando ocorrem sintomas mais leves, e também em locais fechados com forte aglomeração.
Um perfil epidemiológico da coqueluche no Brasil em 2019 aponta que o número de casos da doença é preocupante, devido à queda na cobertura vacinal, com aumento de casos na faixa etária dos 20 a 39 e dos 40 a 59 anos. Foram 1491 casos confirmados da doença naquele ano, sendo 52% deles em crianças menores de 1 ano de idade.
As vacinas
A vacina tríplice bacteriana pode ser celular ou acelular, com variantes destinadas à crianças ou adultos. Saiba mais sobre elas:
- DTPw: é usada na vacinação infantil pelo sistema público
- DTPa: é a vacina infantil disponível nas clínicas particulares, pois é acelular e possui menos chances de ter efeitos colaterais
- dTpa: também é uma vacina acelular, mas é destinada apenas a adultos, e também está disponível apenas em clínicas particulares.
Todas elas podem ser combinadas com as vacinas poliomielite (VIP), a hepatite B (HB) e a Haemophilus influenzae tipo b (HIb), gerando as vacinas conhecidas como pentavalente (DTPa-VIP/Hib) ou hexavalente (DTPa-VIP-HB/HIb).
As vacinas destinadas ao público infantil (DTPw e DTPa) devem ser tomadas aos 2, 4 e 6 meses de idade, com reforço entre os 12 e 18 meses e aos 4 anos de idade. É recomendado pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) preferir a vacina penta ou hexavalente no início da vida. Crianças maiores de 7 anos não devem tomar a vacina infantil, mas sim a do tipo acelular adulto.
A vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa) é usada ao longo da vida como reforço, pois é necessário tomá-la a cada 10 anos. Ela também pode substituir a dose de reforço da DTPw ou DTPa aos 4 anos, além de ser uma vacina especialmente indicada para gestantes e adultos que convivam intensamente com crianças pequenas (professores, profissionais de saúde, babás e cuidadores).
As gestantes devem receber uma dose de dTpa, a cada gravidez, a partir da 20ª semana de gestação. Se não vacinadas durante a gravidez, devem receber uma dose após o parto, o mais precocemente possível (de preferência ainda na maternidade).
Crianças maiores de 7 anos, adolescentes e adultos que nunca tomaram a vacina ou desconhecem seu histórico de vacinação devem tomar a vacina acelular do tipo adulto (dTpa) em uma única dose, seguido de um esquema de vacinação especial da dT que considere a quantidade de componente tetânico tomado anteriormente.
As vacinas DTPa, dTpa, penta e hexavalente são especialmente recomendadas pela Sociedade Brasileira de Imunizações e podem ser encontradas na Imunocamp! Procure-nos e proteja-se.
Fontes: Boletim Epistemiológico 25, do Ministério da Saúde; Perfil Epistemiológico da Coqueluche no Brasil em 2019, dos Anais do Workshop de Biologia Remota; Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS); Instituto Adolfo Lutz; Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Portal Família SBIm; Portal Drauzio Varella; Portal Minha Vida.